Falar de si parece simples, mas raramente é. Há coisas que tememos dizer — ou porque não queremos ver, ou porque não queremos ser vistos. Outras, mal sabemos que pensamos. Outras ainda nos escapam no momento em que tentamos pronunciar. Na análise, o “falar de si” não é confissão nem desabafo. É construção. É permitir que a palavra revele aquilo que estava escondido na rotina, no hábito, na pressa. E, aos poucos, o sujeito se surpreende dizendo algo que nunca tinha conseguido
A psicanálise costuma ser associada a um divã, a interpretações complexas ou a livros difíceis. Mas, na prática, ela é algo muito mais simples e mais profundo. A psicanálise é um espaço de escuta em que o sujeito pode, pela primeira vez, falar sem precisar se adaptar à expectativa alheia. O que importa não é “explicar” o sofrimento, mas permitir que ele se diga. Não trabalhamos com técnicas motivacionais, conselhos, tarefas ou metas. Trabalhamos com aquilo que retorna, com o